Quem Ganha e Quem Perde Com a Alta Do Dólar?

Quem Ganha e Quem Perde Com a Alta Do Dólar?

Essa semana, o dólar chegou a custar R$ 4,27. O maior valor nominal da história sobre o real.

Essa fato abre espaço para questionamento sobre até quando essa alta será realidade no país, e respondendo a esta pergunta, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou essa semana: “É bom se acostumar com juros mais baixos por um bom tempo e com o câmbio mais alto por um bom tempo”.

Mas o que isso quer dizer? O dólar vai aumentar ainda mais? E como essa alta pode afetar os planos financeiros para o ano que vem?

A BBC News Brasil realizou uma entrevista com alguns economistas na última semana que afirmaram que os efeitos mais imediatos no bolso do consumidor em relação a alta do dólar tendem a ser no preço das viagens ao exterior, já que o câmbio influencia nos gastos, preços das passagens e até do combustível.

Caso o valor permaneça alto, os efeitos podem ser mais amplos, abrangendo a inflação e os custos das empresas, por exemplo.

Os Preços Vão Subir Ou os Empresários Vão Lucrar Menos?

Segundo o economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e analista de inflação, a alta do dólar ainda não começou a surtir efeito na inflação.

“Não houve tempo para que a recente desvalorização impacte a inflação. Já os combustíveis — dada a política de reajustes da Petrobras — podem sofrer aumentos repassando efeitos cambiais mais rapidamente”, diz.

Em relação a outros tipos de produtos comercializáveis, Braz analisa que o câmbio ainda não está forçando a alta dos preços.

Se o dólar continuar assim, o que vai acontecer dentro de pouco tempo é a redução das margens de lucro dos empresários, porque é improvável que eles aumentem de uma vez o preço da mercadoria final, com receio dos consumidores não comprarem mais.

Os Exportadores Vão Ficar Mais Felizes?

Nesse sobe-e-desce do dólar, ganha mais quem recebe pagamentos na moeda americana, e perde quem precisa pagar nessa mesma moeda. Mas, para os exportadores, a alta precisaria ser mesmo mais prolongada para que o aumento rendesse mais lucros e mais produtos vendidos no exterior.

“Bens manufaturados [produtos industriais] não são commodities. A exportação envolve fatores como design, qualidade, serviços conexos, venda, contratos mais longos. Não se troca de fornecedor em um estalar de dedos. A reação leva mais tempo”, diz Rafael Cagnin, Economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Já as empresas que importam insumos e maquinários, o dólar tende a ter um efeito mais negativo sobre os negócios.

Até Quando Vai Durar a Alta do Dólar?

Para Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital, o dólar deve se manter acima dos R$ 4,00 pelo menos até o primeiro semestre de 2020.

Essa sugestão se baseia no fato de que as Taxas Selic estão previstas para diminuírem ainda mais no início do ano que vem, e isso acaba afastando investidores estrangeiros, que preferem investir nos Estados Unidos que possui as taxas de juros aproximadas e apesar de dar um menor retorno, é mais seguro.

“A volatilidade não é boa para ninguém. Só serve para dificultar as projeções”, diz o professor Michael Viriato, do Insper, ilustrando como até para quem estuda muito o tema é difícil prever o futuro do câmbio diante de tanta oscilação.

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