Magazine Luiza Compra Fintech de Pagamentos Por R$ 290 Milhões

Objetivo da varejista é ampliar a oferta de produtos financeiros para clientes de sua plataforma.

Magazine Luiza Compra Fintech de Pagamentos Por R$ 290 Milhões

O Magazine Luiza anunciou, nesta segunda-feira (21), a compra da fintech de pagamentos Hub Prepaid por R$ 290 milhões, ampliando oferta de produtos financeiros para os clientes de sua plataforma.

A companhia afirmou que a Hub desenvolveu toda a estrutura bancária para oferta de produtos financeiros via conta digital e que possui quatro milhões de contas deste tipo, além de cartões pré-pagos, ativos que movimentaram R$ 6,6 bilhões nos últimos 12 meses.

Esse fluxo de transações gerou uma receita bruta não auditada de R$ 159 milhões.

Disponibilização de Um Cartão Pré-Pago

A rede de varejo afirmou que os clientes de sua plataforma passarão a ter um cartão pré-pago que refletirá o saldo da conta digital, permitindo que haja, também, transações no mundo físico.

A Hub começou a operar em 2012 e é regulada pelo Banco Central (BC) como uma instituição de pagamentos, além de ser integrada ao Pix, sistema de transferências e pagamentos instantâneos, lançado no mês de novembro, pela instituição reguladora.

Investimento em Fintechs Cresce 87% em 2020

O mercado de transações do Brasil teve uma redução de 11% no volume geral de negociações entre janeiro e setembro de 2020.

Apesar disso, na contramão destes índices, cresceram as transações específicas do segmento de fintechs, que captou R$ 5,58 bilhões até setembro, sob influência principalmente de aportes de fundos de venture capital.

As conclusões são do boletim mensal da consultoria global Transactional Track Record (TTR), sediada em Madri, na Espanha.

A entidade mapeou 67 operações que tiveram como alvo uma fintech, das quais 38 tiveram valores divulgados e compõem os R$ 5,58 bilhões até setembro.

Ainda de acordo com o TTR, os dados mostram aumento de 6% no total de operações e de 87% no valor movimentado por elas, na comparação com o mesmo período de 2019.

“Mais da metade das 67 operações envolvendo fintechs foi investimentos realizados por fundos de venture capital, totalizando R$ 4,81 bilhões, um aumento de 75% no volume movimentado”, afirma o estudo.

Fundos Estrangeiros se Destacam

A maior incidência foi de fundos estrangeiros (21 rodadas de investimento entre 32 que tiveram os valores divulgados), principalmente dos Estados Unidos (16 rodadas).

Entre as grandes transações no período, o relatório destaca o aporte de US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão) no Nubank pelos fundos Sequoia Capital, Kaszek Ventures e Ribbit Capital.

‘Revolução bancária’, com o Pix e o open Banking, deve aumentar ainda mais a participação das fintechs em nossas vidas

Duas novas ferramentas, o PIX (que já está em vigor) e o open banking (que deve entrar no mercado no início de 2021), prometem representar uma revolução no sistema bancário brasileiro e, por tabela, esquentar a concorrência no mercado.

Para se preparar para essa nova fase, enquanto os bancos estão investindo pesado em tecnologia, as chamadas fintechs decidiram ir às compras.

As startups especializadas no setor financeiro ampliaram nos últimos meses as aquisições de pequenas empresas de tecnologia, corretoras e gestoras de investimentos.

Em pleno funcionamento desde 16 de novembro, o PIX, novo sistema brasileiro de pagamentos instantâneos, altera a forma como as pessoas pagam contas e fazem compras, ao eliminar a necessidade de dinheiro ou cartão.

Entre as vantagens, está a possibilidade de se usar apenas o número de um celular, por exemplo, para fazer uma transferência sem precisar recorrer a conta, agência, CPF, nome completo e todos os outros dados exigidos hoje.

Ou, apenas com o CPF, sacar dinheiro em uma loja sem a necessidade de caixa eletrônico, cartão ou senha.

Já o open banking, sistema de compartilhamento de dados, informações e serviços financeiros pelos próprios clientes bancários em plataformas de tecnologia, está previsto para o início de 2021, e deve dar mais autonomia ao usuário.

Um cliente bom pagador, com conta em um determinado banco e quase entrando no cheque especial, poderá receber oferta de um crédito mais barato de outro banco, mesmo sem ser correntista desta instituição.

Fintechs Aumentam Sua Participação no Mercado

De olho nessa transformação, as fintechs buscam aumentar seu campo de atuação.

Especialista em regulação e organização do mercado financeiro e de capitais, o advogado José Luiz Rodrigues destaca a alta procura das fintechs por consultorias para a formatação de processos de aquisição. Só na última semana, o escritório atendeu quatro empreendedores da área.

“Nos últimos cinco anos, as fintechs vieram se estruturando, mas ainda focadas em serviços específicos para se colocarem no mercado. Agora, com o open banking, muitas delas encontraram a oportunidade para tornar suas operações mais abrangentes”, diz ele. “As fintechs estão se juntando para serem mais fortes”.

A aquisição da Magliano Invest, a mais antiga corretora do País, com 90 anos de atuação, pela Neon Pagamentos, fundada há apenas quatro anos, é apenas um exemplo.

A lista é grande, a despeito da crise deflagrada pela pandemia. Em junho, a XP anunciou a compra de participações majoritárias em duas fintechs: a Fliper, de consolidação de investimentos, e a Antecipa, plataforma digital de antecipação de recebíveis (como valores a serem recebidos por lojistas por compras no cartão de crédito).

No caso do Nubank, por exemplo, as aquisições ultrapassaram fronteiras. A empresa comprou duas companhias de desenvolvimento de sistemas neste ano – a Plataformatec, em janeiro, e a norte-americana Cognitect, em julho.

“Temos crescido a um ritmo muito acelerado, de 40 mil clientes por dia”, diz a cofundadora do Nubank, Cristina Junqueira. “E isso, sem dúvida, inclui o desenvolvimento de produtos e serviços que vamos oferecer no contexto de open banking e pagamento instantâneo”.

Segundo a executiva, os sistemas vão aumentar drasticamente a competição. “O mercado vai passar por um período de consolidação e estamos sempre atentos. Caso haja alguma empresa que tenha produtos consistentes com a nossa visão, podemos nos interessar”.

O professor de Finanças Ricardo Rocha, do Insper, reforça essa avaliação.

“Haverá a definição sobre quais fintechs vão virar grandes empresas e quais vão ficar no meio do caminho.” Segundo ele, a tendência é que o custo ao cliente financeiros diminua. “É a continuação da revolução digital. A inovação vai promover mudanças importantes”, acredita.