Projeção Econômica Para 2021

Descubra como os especialistas acreditam que ficará o cenário econômico neste ano.

Projeção Econômica Para 2021

Para especialistas, apesar da provável retomada da economia, inflação, desemprego e juros dependem do controle da pandemia e da situação fiscal do país, e não devem sofrer grandes mudanças no início de 2021.

As projeções para 2021 indicam uma recuperação da crise econômica. O ano deve começar sem grandes mudanças, mas também com poucas notícias boas.

Segundo estimativa de economistas, ao menos nos primeiros meses do ano que bate à porta, a tendência é que os principais indicadores sigam trajetória semelhante à atual: PIB em recuperação, desemprego alto, juros baixos, inflação contida (ainda que em patamar um pouco mais alto).

Fim do Auxílio Emergencial

Com a expectativa de término dos estímulos financeiros, no entanto, o Brasil vai ter de lidar com grandes desafios em 2021: equilibrar as contas públicas e diminuir os efeitos da crise sanitária, afinal o Auxílio Emergencial concedido a 67 milhões de brasileiros se tornou o principal motor do crescimento do país em 2020.

Entre as urgências, de acordo com os economistas, estão reduzir a taxa de desemprego — de 14,6% no trimestre encerrado em setembro — e manter a inflação dentro da meta para 2021, de 3,75%, podendo variar de 2,25% a 5,25%.

Segundo o boletim Focus, do Banco Central (BC), a expectativa é que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil tenha uma alta de 3,45% em 2021, após acumular uma queda de aproximadamente 4,5% em 2020. No 3º trimestre deste ano, o PIB brasileiro registrou uma alta de 7,7%.

Acompanhe, a seguir, as projeções para os indicadores:

Desemprego

A taxa de desemprego é a relação entre as pessoas que estão procurando emprego e a população economicamente ativa.

Com o fim do Auxílio Emergencial, os brasileiros devem voltar a procurar trabalho e a taxa de desemprego deve aumentar, explicou o sócio da Tendências Consultoria e ex-ministro da Fazenda do governo José Sarney, Maílson da Nóbrega.

A taxa [ de desemprego] deve ficar em 16%, mas pode chegar a 20% se a crise fiscal do país se agravar, o que seria uma catástrofe para o país e para o governo Bolsonaro”, disse o economista.

Por sua vez, Sílvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), acrescenta também que grande parte dos brasileiros deixou de procurar emprego por conta do chamado desalento (desistência por falta de vagas) e por causa da pandemia, fatores que podem mudar em 2021.

“Se todo mundo estivesse procurando emprego desde fevereiro, a taxa de desemprego seria de 24%”, calculou a especialista.

Inflação

De acordo com o ex-ministro, as previsões para a inflação deste ano ainda estão sendo revistas, mas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2020 deve ficar entre 3,6% e 4%.

“Tudo indica que a inflação vai continuar alta no início do ano também. E está concentrada nos alimentos, pelo IPCA, e no atacado, pelo IGPM”, explicou da Nóbrega, que completou.

“A escalada nos preços dos alimentos, como arroz, soja e milho, está relacionada ao aumento de demanda causada pelo Auxílio Emergencial”.

“Os pobres passaram a comer mais. Não estou preocupado com a inflação de 2021. A não ser que tenhamos um problema fiscal, conseguiremos colocar a inflação dentro da meta de 3,75%”, avaliou Maílson da Nóbrega.

Juros

Sílvia, da FGV, acredita que o BC vá manter a taxa de juros em 2% ao ano até o primeiro semestre de 2021, contanto que a inflação de preços básicos deixe de ser repassada à cadeia de produção.

Ou seja, contanto que a inflação básica não contamine as cadeias produtivas.

“A Selic deve começar a subir a partir do quarto trimestre e pode terminar 2021 por volta de 3% ao ano”, acrescentou o Nóbrega, em linha com a última projeção do Boletim Focus do Banco Central.

Câmbio

O risco fiscal, a crise econômica e uma possível nova onda da Covid-19 podem dificultar a valorização do real nos primeiros meses de 2021, analisa Sílvia Matos.

Para ela, o dólar deve ficar por volta de R$ 5,40 no ano que vem — mesmo patamar atual.

“Conseguimos terminar o ano com uma crise menor do que a prevista, mas vamos pagar um preço alto com problema fiscal e inflação. Se avançarmos em reformas, o câmbio pode melhorar, mas acredito que esse é um cenário otimista”, disse a coordenadora do Boletim Macro da FGV.

Já Maílson da Nóbrega, por outro lado, projeta o dólar cotado a R$ 5,25 em 2021, baseado na confiança do mercado nas vacinas contra a Covid-19 e na experiência dos países em lidar com a pandemia.

“No Brasil, o agravamento da pandemia pode forçar medidas mais duras, o que poderia prejudicar o potencial de crescimento do país.

No entanto, a forma de lidar com a Covid hoje é mais eficaz do que era em março. Pode ser que o impacto [econômico] não seja tão grande”, justificou o ex-ministro.

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