A pandemia de Covid-19 aumentou as desigualdades sociais tanto no Brasil quanto no mundo. Além das perdas humanas, houve, também, uma grande perda material. Muitas pessoas perderam empregos e renda, ficando à beira da miséria e da fome.
Dados que ajudam a provar isso estão no relatório “O Vírus da Desigualdade”, lançado nesta segunda-feira, 25 de janeiro, pela Oxfam no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
O relatório mostra que as 1000 pessoas mais ricas do mundo só precisarão de nove meses para recuperar o dinheiro que perderam durante a pandemia.
Enquanto isso, as pessoas mais pobres do planeta levarão mais de 10 anos para reconquistar as perdas sofridas com os impactos da pandemia de covid-19 em suas vidas financeiras.
A diretora executiva da Oxfam Brasil, Kátia Maia, citou como revoltante a desigualdade e o privilégio de um certo grupo enquanto milhões no mundo chegam a morrer de fome. “A pandemia escancarou as desigualdades no Brasil e no mundo. É revoltante ver um pequeno grupo de privilegiados acumular tanto em meio a uma das piores crises globais já ocorridas na história. Enquanto os super-ricos lucram, os mais pobres perdem empregos e renda, ficando à mercê da miséria e da fome”, afirmou.
10 bilionários poderiam pagar todas as vacinas do mundo
O relatório mostra outro dado infeliz da desigualdade: os 10 maiores bilionários do planeta acumularam 540 milhões de dólares durante março e dezembro de 2020.
O valor seria suficiente para pagar a vacina contra a covid-19 no mundo inteiro e ainda sobraria. Ou seja, a prevenção para covid-19 e a possível erradicação da doença poderia ser realizada por apenas 10 pessoas.
Neste mesmo período, os super ricos do mundo arrecadaram quase quatro trilhões de reais, somando uma riqueza próxima a 12 bilhões de reais. Esse valor é maior do que os 20 países mais ricos do mundo gastaram para enfrentar a pandemia
Pobres ainda mais pobres
A balança da desigualdade só pesa para um lado e enquanto o super ricos acumulam trilhões de reais, os mais pobres enfrentam a pior crise de desemprego mundial dos últimos 90 anos, segundo a Oxfam.
Dados da Organização Internacional do Trabalho estimam que 500 milhões de pessoas estão desempregadas ou subempregadas no mundo em situação de miséria e fome.
E o pior é que as notícias ruins não param por aí, já que a expectativa é de que a pandemia aumente a desigualdade econômica em praticamente todos os países do Globo Terrestre ao mesmo tempo.
Isso nunca aconteceu desde que iniciou-se essa medição há 100 anos e a Oxfam acredita que cada país deve agir diretamente para combater essa informação.
“A crise provocada pela pandemia expôs nossa fragilidade coletiva e a incapacidade da nossa economia profundamente desigual trabalhar para todos. No entanto, também nos mostrou a grande importância da ação governamental para proteger nossa saúde e meios de subsistência. Políticas transformadoras que pareciam impensáveis antes da crise, de repente se mostraram possíveis. Não pode haver retorno para onde estávamos antes da pandemia”, diz o texto da instituição.
Aumento da fome
Tantos dados negativos para população mais pobre só poderiam resultar em uma notícia mais triste: o número de pessoas em situação de fome no mundo inteiro disparou.
Segundo a Organização das Nações Unidas, o aumento esperado de pessoas em situação de fome é 82% maior em 2020 do que em 2019.
Isso quer dizer, segundo a Oxfam, que até 12 pessoas por dia podem já ter morrido de fome nesse período de pandemia.
“Enquanto uma em cada dez pessoas vai para a cama com fome, as oito maiores empresas de alimentos e bebidas do mundo pagaram mais de 18 bilhões de dólares a seus acionistas entre janeiro e julho de 2020. Isso é cinco vezes mais do que os valores arrecadados pela ONU, em novembro de 2020, com a chamada para doações para a covid-19”, diz o documento da Oxfam.