Milionários Recuperam em 9 Meses Prejuízo que Mais Pobres Levarão Mais de 10 Anos Para Combater

Pobres demorarão 14 vezes mais para conseguir repor perdas em razão do impacto econômico da pandemia

Milionários Recuperam em 9 Meses Prejuízo que Mais Pobres Levarão Mais de 10 Anos Para Combater

A pandemia de Covid-19 aumentou as desigualdades sociais tanto no Brasil quanto no mundo. Além das perdas humanas, houve, também, uma grande perda material. Muitas pessoas perderam empregos e renda, ficando à beira da miséria e da fome. 

Dados que ajudam a provar isso estão no relatório “O Vírus da Desigualdade”, lançado nesta segunda-feira, 25 de janeiro, pela Oxfam no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. 

O relatório mostra que as 1000 pessoas mais ricas do mundo só precisarão de nove meses para recuperar o dinheiro que perderam durante a pandemia. 

Enquanto isso, as pessoas mais pobres do planeta levarão mais de 10 anos para reconquistar as perdas sofridas com os impactos da pandemia de covid-19 em suas vidas financeiras.

A diretora executiva da Oxfam Brasil, Kátia Maia, citou como revoltante a desigualdade e o privilégio de um certo grupo enquanto milhões no mundo chegam a morrer de fome. “A pandemia escancarou as desigualdades no Brasil e no mundo. É revoltante ver um pequeno grupo de privilegiados acumular tanto em meio a uma das piores crises globais já ocorridas na história. Enquanto os super-ricos lucram, os mais pobres perdem empregos e renda, ficando à mercê da miséria e da fome”, afirmou.

10 bilionários poderiam pagar todas as vacinas do mundo

O relatório mostra outro dado infeliz da desigualdade: os 10 maiores bilionários do planeta acumularam 540 milhões de dólares durante março e dezembro de 2020. 

O valor seria suficiente para pagar a vacina contra a covid-19 no mundo inteiro e ainda sobraria. Ou seja, a prevenção para covid-19 e a possível erradicação da doença poderia ser realizada por apenas 10 pessoas. 

Neste mesmo período, os super ricos do mundo arrecadaram quase quatro trilhões de reais, somando uma riqueza próxima a 12 bilhões de reais. Esse valor é maior do que os 20 países mais ricos do mundo gastaram para enfrentar a pandemia

Pobres ainda mais pobres

A balança da desigualdade só pesa para um lado e enquanto o super ricos acumulam trilhões de reais, os mais pobres enfrentam a pior crise de desemprego mundial dos últimos 90 anos, segundo a Oxfam. 

Dados da Organização Internacional do Trabalho estimam que 500 milhões de pessoas estão desempregadas ou subempregadas no mundo em situação de miséria e fome.

E o pior é que as notícias ruins não param por aí, já que a expectativa é de que a pandemia aumente a desigualdade econômica em praticamente todos os países do Globo Terrestre ao mesmo tempo. 

Isso nunca aconteceu desde que iniciou-se essa medição há 100 anos e a Oxfam acredita que cada país deve agir diretamente para combater essa informação.

“A crise provocada pela pandemia expôs nossa fragilidade coletiva e a incapacidade da nossa economia profundamente desigual trabalhar para todos. No entanto, também nos mostrou a grande importância da ação governamental para proteger nossa saúde e meios de subsistência. Políticas transformadoras que pareciam impensáveis antes da crise, de repente se mostraram possíveis. Não pode haver retorno para onde estávamos antes da pandemia”, diz o texto da instituição.

Aumento da fome

Tantos dados negativos para população mais pobre só poderiam resultar em uma notícia mais triste: o número de pessoas em situação de fome no mundo inteiro disparou. 

Segundo a Organização das Nações Unidas, o aumento esperado de pessoas em situação de fome é 82% maior em 2020 do que em 2019. 

Isso quer dizer, segundo a Oxfam, que até 12 pessoas por dia podem já ter morrido de fome nesse período de pandemia.

“Enquanto uma em cada dez pessoas vai para a cama com fome, as oito maiores empresas de alimentos e bebidas do mundo pagaram mais de 18 bilhões de dólares a seus acionistas entre janeiro e julho de 2020. Isso é cinco vezes mais do que os valores arrecadados pela ONU, em novembro de 2020, com a chamada para doações para a covid-19”, diz o documento da Oxfam.