Juros do Cartão de Crédito e Cheque Especial Sobem; Saiba como Isso Impacta no Seu Bolso

Após oito meses de queda, taxa média de juros para pessoa física das seis linhas de crédito teve aumento de 0,91% em dezembro de 2020.

Juros do Cartão de Crédito e Cheque Especial Sobem; Saiba como Isso Impacta no Seu Bolso

O consumidor brasileiro precisará ficar atento em relação aos juros das principais linhas de crédito ativas no mercado, porque os juros das seis linhas de crédito subiram e encerram o ano de 2020 com alta.

Fazem parte desse cálculo o rotativo do cartão de crédito, cheque especial, empréstimo pessoal (de bancos e financeiras), juros do comércio e crédito direto ao consumidor, além de financiamento de automóveis.

Segundo o levantamento da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade), a taxa de juros média voltada para pessoa física teve alta de 0,91% em dezembro (1,20% em doze meses).

Essa foi a maior taxa de juros desde agosto de 2020.

O Que é a Taxa do Rotativo do Cartão de Crédito?

A taxa do rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando ele paga menos do que o valor integral da fatura do cartão. Esse crédito rotativo dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida do cliente junto ao banco.

Vale lembrar que em 2018, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que clientes inadimplentes no rotativo do cartão de crédito passem a pagar a mesma taxa de juros dos consumidores regulares. 

Porém, não necessariamente a taxa final cobrada de adimplentes e inadimplentes será feita, uma vez que os bancos podem acrescentar à cobrança os juros pelo atraso e multa.

O Que é o Cheque Especial?

O cheque especial é um tipo de empréstimo com limite predeterminado contraído automaticamente quando o cliente não tem mais saldo em sua conta corrente. 

Tal qual o rotativo do cartão de crédito, a taxa do cheque especial é a segunda mais cara entre as modalidades de crédito para as famílias. Não à toa, o BC recomenda que ele só seja usado em situações emergenciais.

Em 2018, os bancos anunciaram uma medida de autorregulamentação do cheque especial. Com as novas regras, os correntistas que utilizam mais de 15% do limite do cheque durante 30 dias consecutivos passaram a receber a oferta de um parcelamento, com taxa de juros menor que a do cheque especial definida pela instituição financeira.

Quais Outras Taxas Tiveram Aumento?

Segundo o levantamento da Anefac, todas as linhas de crédito tiveram suas taxas de juros elevadas no mês de dezembro. A taxa de juros média geral para pessoa jurídica teve elevação de 1,41% no mês (1,63% em doze meses). Essa foi a maior alta desde setembro de 2020.

Selic

Já em relação à taxa básica de juros (Selic), a Anefac destacou que desde março de 2013 o índice reduziu 72,41% até dezembro de 2020, caindo de 7,25% ao ano em abril de 2013 para 2,00% ao ano em dezembro de 2020.

Neste período, a taxa de juros média para pessoa física apresentou uma elevação de 3,45 pontos percentuais (elevação de 3,92%), de 87,97% ao ano em março/2013 para 91,42% ao ano em dezembro de 2020.

Nas operações de crédito para pessoa jurídica houve uma redução de 3,15 pontos percentuais (redução de 7,23%), de 43,58% ao ano em março de 2013 para 40,43% ao ano em dezembro de 2020.

A Selic Baixa é Boa ou Ruim? 

Bom, a resposta é variável. Qualquer mudança na taxa básica de juros afeta três grandes pilares de sua vida: a inflação, o rendimento de diversos investimentos e as taxas de empréstimos, cada um de uma maneira distinta.

Com a Selic está em baixa, a tendência é de que os bancos e instituições financeiras acompanhem e diminuam as taxas de juros, tornando o crédito mais acessível para a população.

Outro ponto é que preços em geral que compõem o cálculo da inflação podem até variar, mas não será muito, uma vez que a taxa básica de juros é diminuída para estimular a economia e controlar a inflação. 

Porém, a Selic em baixa é prejudicial para investimentos, pois os títulos públicos indexados a ela e as aplicações em Renda Fixa passam a oferecer uma remuneração menor. Assim, Tesouro Direto, LCI’s e CDBs passam a pagar menos.

Quais as Perspectivas Para o Futuro?

Em entrevista ao jornal O Dia, Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente de estudos e pesquisas da Anefac, explicou que essas altas podem ser atribuídas ao aumento dos juros futuros e principalmente em relação à provável elevação dos índices de inadimplência ocasionadas pela pandemia. 

“Essa provável inadimplência pode ocorrer por causa do fim das carências nos empréstimos (pausas e carência nas negociações de dívidas), ao desemprego elevado, que acontece no Brasil, ao fim do pagamento dos auxílios emergenciais (feitos pelo governo), ao aumento da inflação e seus efeitos na renda, e, por fim, a maior seletividade dos bancos na concessão de crédito”, afirmou o diretor da Anefac.

Na mesma entrevista, Oliveira afirmou que a tendência é que as taxas de juros possam continuar em alta nos próximos meses, devido ao cenário complicado em que vivemos. 

“Mas algumas ações do Banco Central podem amenizar estas altas como redução de impostos, compulsórios e reduções da Taxa Básica de Juros”, completou.