De acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), os juros do crédito imobiliário, atualmente em dois dígitos, não devem apresentar queda nos próximos meses. A redução da taxa Selic poderia abrir espaço para isso, porém, a diminuição das taxas de juros pelos bancos dependerá do comportamento da poupança, que registrou saques de mais de R$ 150 bilhões nos últimos dois anos.
Embora a Abecip não identifique uma redução imediata das taxas de juros do crédito imobiliário, espera-se que o crédito para habitação alcance um recorde, especialmente através das linhas que utilizam recursos do FGTS, as quais tendem a ter taxas mais baixas.
Em relação às linhas que utilizam recursos da poupança, houve um aumento nos juros ao longo do ano passado, elevando-os para a casa dos dois dígitos percentuais. Apesar disso, alguns bancos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, mantiveram suas taxas em um dígito anual nessas linhas, mesmo com a elevação geral das taxas.
A redução da poupança tem impactado os custos dos bancos, uma vez que o saldo das cadernetas direcionado ao crédito imobiliário tem diminuído. Isso abriu espaço para outras fontes de financiamento, como letras imobiliárias garantidas (LIGs) e letras de crédito imobiliário (LCIs), que representaram entre 34% e 40% do financiamento ao crédito imobiliário em 2022.
Embora o ambiente com redução da taxa de juros possa influenciar na precificação do mercado imobiliário, a relevância da poupança diminuiu, correlacionando o custo do crédito imobiliário com a taxa Selic. A Abecip e a Caixa têm buscado a liberação de parte dos depósitos compulsórios relativos à poupança para destinar esses recursos ao crédito imobiliário, porém, essa medida não está prevista para este ano.