Na era atual, o tempo é o bem mais precioso e escasso do homem moderno. Assim, para garantir a sua parcela de participação na sociedade, os bancos têm buscado chamar atenção dos clientes de todas as formas possíveis.
Eles estão deixando os limites da definição de seu segmento e abrangendo serviços que antigamente eram exclusivos a outros setores. Há dez anos era impensável entrar num banco e comprar uma geladeira, no entanto, hoje com a criação dos aplicativos serviços antes exclusivos do setor varejista são oferecidos por bancos digitais. Instituições financeiras, como o Banco Inter, estão aumentando as oportunidades de serviços oferecidos em seus aplicativos a fim de “poupar o tempo do cliente”.
As instituições financeiras estão procurando ir além do mundo das finanças, inserindo seus aplicativos lojas virtuais (as chamadas marketplaces), com o intuito de fidelizar o seu cliente, oferecendo em um único lugar um modo de economizar o seu bem mais precioso: o tempo.
Recentemente, o BTG Pactual anunciou sua parceira com a Mosaico, empresa dona do Zoom e do Buscapé, entre os acordos firmados, as duas empresas vão desenvolver juntas um marketplace. Não é a primeira vez que uma instituição financeira oferece esse serviço, desde 2020, o banco Inter oferece em seu aplicativo acesso a 272 lojas, nas quais os clientes podem encontrar desde livros a material de construção. É claro que eles não pararam por aí, o CEO do Inter, João Vitor Menin, disse que eles estão trabalhando para lançar ainda no primeiro semestre de 2021, um serviço de telefonia e de entregas no aplicativo do banco.
Não são somente os bancos que estão diversificando sua área de atuação; varejistas, aplicativos de entrega, operadoras de telefonia e qualquer outro segmento que tenha uma base expressiva de clientes iniciaram antes esta busca pela diversificação, oferecendo aos seus clientes, geralmente, produtos financeiros. Há bastante tempo, o Mercado Livre investiu em uma conta digital, Mercado Pago; a Magazine Luiza oferecer serviços de pagamentos através do MagaluPay; a Via Varejo conta com Banqi; e a B2W, a Ame Digital. Esses investimentos pretendem garantir que o cliente não necessite sair do aplicativo para encontrar soluções.
Aplicativos de entrega, como o Rappi e o Ifood, também estão de olho no novo mercado. Recentemente, o Rappi criou o RappiBank e o Ifood lançou uma conta digital gratuita para donos de restaurantes.
Os varejistas possuem um contato mais próximo com o cliente, eles têm um leque de serviços não financeiros para oferecer ao consumidor e podem oferecer descontos para estimular outros serviços, como o financeiro, e fidelizar o cliente. Tudo isso fez com os bancos perdessem o monopólio dos serviços financeiros mais básicos, como poder oferecer uma conta e conceder empréstimos, fazendo com eles avancem para soluções não financeiras.
Com a criação do Pix e do open banking, é possível que os superaplicativos das varejistas incomodem os grandes bancos. Por isso, eles irão precisar se reinventar se quiserem continuar competitivos no mercado.
E eles podem se valer de uma vantagem, já que possuem uma base de dados atualizada e ativa de clientes e os seus aplicativos estão presente na maioria dos celulares dos brasileiros. Eles têm acesso a informação financeiras seguras e confiáveis, podendo oferecer ao consumidor oportunidades que cabem em seu orçamento.
O presidente da SBVC destaca que empresas como o Magazine Luiza e o Mercado Livre já disputam de igual para igual com grandes instituições financeiras em valor de mercado. “Se for para apostar em quem deve engolir quem, é preciso levar isso em consideração”, avalia.
Maxnaun Gutierrez, responsável pela área de produtos e pessoa física do banco c6 Bank, acredita que os bancos é muito mais fácil inserir no setor varejista que o contrário, pois o mercado financeiro é muito mais complexo e depende de vários setores reguladores. Por isso, ele não acredita que um dispute com o outro, mas acredita que as instituições financeiras estão disputando entre si, para ver quem oferece a melhor experiência ao cliente.
Os bancos tradicionais também começam a se movimentar nesse sentido, apesar de o movimento ainda ser tímido. Contudo, com as grandes mudanças que estão ocorrendo na forma como o brasileiro lida com o digital, eles devem se colocar de maneira mais incisiva nesse novo modelo de negócios.