Até o fim deste mês e o dia 20 de dezembro, o trabalhador brasileiro terá em sua conta bancária um importante ativo na economia nacional: o 13º salário.
O Governo Federal determinou que o pagamento da bonificação será feito de forma integral mesmo para os trabalhadores que tiveram a jornada reduzida. A gratificação impulsiona a renda da população e também o poder de compra. Mas é necessário ir com calma, ainda mais que o último dia para o pagamento da primeira parcela do 13º salário vai cair justamente na Black Friday.
As tentações das promoções, que em 2020 estarão a um clique de distância do consumidor. Por isso, é necessário ter cuidado ao direcionar o uso do 13º salário. Usar a gratificação de uma maneira correta pode trazer ao trabalhador benefícios financeiros e evitar aquela conhecida dor de cabeça com as dívidas que podem se acumular para o próximo ano, ainda marcado pela instabilidade.
Dica Número 1: Tenha Cautela
Conversamos com Bruno Araújo, professor de contabilidade e finanças da Faculdade IBMEC, que trouxe valiosas dicas sobre como direcionar a bonificação natalina sem dar um nó na vida financeira. O primeiro conselho é ter cautela. O momento é ainda de pisar no freio.
“O 13º salário é um dinheiro extra. Mas que o trabalhador já sabe que irá recebê-lo e, por isso, é muito comum que se faça planos para esse recurso mesmo antes o dinheiro, digamos, “cair na conta”. E, claro, gastar, consumir, se divertir, é sempre prazeroso, desejável. Mas penso que o momento que vivemos é de cautela, parcimônia, por ainda estarmos em um período de incertezas, retração da atividade econômica, aumento do desemprego. Não sabemos quando a crise provocada pelo novo coronavírus irá acabar, ou qual será o cenário para 2021”, afirma o profissional.
Dica Número 2: Iniciar Uma Reserva Financeira
Para quem está pensando em começar a poupar dinheiro, o 13º salário pode ser um ótimo momento para dar o pontapé nesse objetivo. “Independentemente da atual situação provocada pelo novo coronavírus, penso que ter uma reserva financeira é sempre importante”, destaca o professor Bruno Araújo.
“Essa bonificação, por ser um recurso, em tese, extra, além do orçamento, pode sempre funcionar como um “pontapé inicial” para criação de uma reserva financeira, ou incremento de eventual reserva já existente, reserva essa que pode se mostrar de crucial importância em períodos de dificuldades, como um acidente, doença de alguém próximo, desemprego, etc.”, reforça o consultor.
Dica Número 3: Hora de Quitar Dívidas
Dentre os brasileiros que estão negativados, a dica é simples: direcionar o 13º salário para se livrar do sufoco. “O momento é de se conscientizar da importância da organização financeira e, recebendo o 13º salário, ou seja, um recurso extra, direcioná-lo integralmente para a quitação das dívidas, principalmente aquelas de juros mais altos (cartão de crédito e cheque especial). Agora é a hora de controlar o consumismo, se privar de alguma coisa. Esse esforço de hoje poderá ser recompensado no futuro com uma vida mais tranquila”, ressalta Bruno Araújo.
E caso ainda restem dívidas, a melhor forma de resolvê-las é buscando renegociações em prol de juros menores e prazos maiores. A portabilidade do crédito pode ser uma alternativa. Aproveitar o “dinheiro na mão” para tentar melhores condições de negociação das dívidas. Mas o especialista faz um alerta, “De nada adiantará adotar as ações se não houver uma reeducação financeira: não gastar mais do que se ganha. Ainda que isso resulte de abrir mão de confortos com os quais se está acostumado”, acrescenta o professor Bruno Araújo.
Dica Número 4: Não se Pode Viver no Limite
Um outro grupo que surge nessa análise é aquele constituído por pessoas que não possuem dívidas, mas também não possuem reservas, gastam exatamente o que recebem. Para esses, a dica mais importante é compreender que não se pode viver no limite, sendo necessário se preparar para o futuro e também para qualquer tipo de imprevisibilidade, dentre elas a relacionada à aposentadoria.
“As pessoas que se enquadram nesse grupo têm a excelente oportunidade de aproveitar os recursos extras recebidos no final do ano para iniciar a formação de uma reserva financeira, que será importante caso ocorram situações não planejadas, como uma doença, um acidente, desemprego temporário, enfim, situações em que a existência de uma reserva financeira ajudará a minimizar os problemas ou manter um mínimo de bem estar”, aconselha Bruno Araújo, professor de contabilidade e finanças da Faculdade IBMEC.
Uma vez com esse passo dado, o desafio será transformar o ato de poupar em um hábito saudável, sem exageros, e se conscientizando quanto a não gastar tudo o que se ganha, controlando os chamados impulsos consumistas.
Dica Número 5: Aproveitando Oportunidades
Aqueles que já possuem uma reserva financeira e estão em melhores condições, podem usufruir do esforço feito no passado e gozam de tranquilidade para poder planejar certas situações com os valores retidos. Para esses, o melhor caminho, como explica Bruno Araújo. é aproveitar as oportunidades. como quitar as obrigações de início de ano à vista, com desconto. E, depois, claro, recompor a reserva ao longo dos meses subsequentes.
“Esse grupo de pessoas está na condição de poder estabelecer desejos a serem realizados, que requerem um montante maior de recursos, como uma troca de carro, uma viagem internacional, compra de um imóvel, casamento, enfim… Não basta apenas poupar, é preciso ter um propósito”, orienta.
Dica Número 6: Escolhendo a Melhor Forma de Investimento do 13º
A seguir, Bruno Araújo, professor de contabilidade e finanças na faculdade IBMEC, faz um balanço das melhores opções para você que deseja investir ou aplicar seu 13º salário.
Poupança
Para iniciar a formação de uma reserva, a caderneta de poupança é uma primeira opção. Embora não ofereça os melhores rendimentos, a sua simplicidade, isenção de impostos e taxas de administração a torna uma opção adequada para quem está começando e não possui muitos recursos. Até cerca de R$ 10.000,00 seria uma boa opção. Seria um primeiro passo para ajudar na criação da disciplina.
Com o dinheiro na poupança, qual é o próximo passo?
Acima do montante aplicado na poupança, pode-se buscar um fundo de investimento DI, muito atrativos para investidores conservadores. Esse tipo de aplicação assegura rendimento bruto próximo à taxa básica de juros da economia brasileira. Mas haverá cobrança de taxa de administração e imposto de renda. O cuidado é, então, buscar um fundo cuja taxa de administração não seja alta, não excedendo a 0,2% ao ano. Porque se for, melhor deixar na caderneta de poupança mesmo.
Pensando a longo prazo: previdência privada
Neste caso é melhor considerar a possibilidade de investir em fundos de previdência privada – os chamados fundos PGBL e VGBL. Todavia, é preciso se atentar para as taxas de administração cobradas. O ideal é que os recursos sejam, realmente, destinados a um propósito de médio (no caso dos fundos) ou longo prazo, como a aposentadoria. Não seria adequado investir em previdência privada um recurso que poderá ser necessário dentro de seis meses ou um ano, por exemplo.
O tesouro direto
Atualmente, há opções de investimento no Tesouro Direto que remuneram o dinheiro investido com base na taxa de inflação (IPCA) mais 4% ao ano. Haverá tributação pelo imposto de renda mas, ainda assim, o resultado final tende a ser superior à poupança e aos fundos de investimento em renda fixa. É uma boa opção para o longo prazo (mais de 5 anos, por exemplo). O governo vem simplificando o acesso ao programa mas, ainda, requer que se tenha conta em uma instituição financeira, a qual intermediará as aplicações. E também cobrará taxas para isso. Mais uma vez, atenção às taxas cobradas é fundamental.
Dica 6: Projetar 2021 se Livrando dos Impostos e Obrigações do Início de Ano
O contribuinte não escapa. Virou o ano e os impostos, com pandemia ou não, estarão lá para serem quitados. O brasileiro já começa janeiro com as obrigações do IPVA e também do IPTU, além daquela conhecida despesa, para quem tem filhos, do material escolar. Para evitar aquela dor de cabeça logo no início de um novo ano, talvez o melhor a se fazer é dar aquela controlada nos presentes de natal para se precaver financeiramente, como orienta o especialista Bruno Araújo.
“Abrir mão de gastar o 13º salário agora, deixando-o para pagar as despesas do início do ano, pode ser frustrante nesse momento, ao se deixar de consumir, comprar presentes, seja para si ou para pessoas próximas. Mas pensando em 2021, iniciar o ano com todas contas pagas, não ter que preocupar com elas ao longo de todo o ano, além de aproveitar os descontos que são concedidos para pagamento em cota única, pode ser algo que proporcionará alívio. Uma atitude altamente recomendável”, observa o professor.
Dica 7: Black Friday só se For Algo de Extrema Necessidade
Como já dissemos, o Black Friday está batendo à porta do consumidor. E aquela vastidão de anúncios, oferecendo descontos variáveis – muitas vezes irreais – é uma verdadeira tentação. Mas se você for embarcar nesta onda, saiba que o grande perigo é realizar compras por impulso, que podem fazer com que gastemos de forma desnecessária. Um produto que custa R$ 100, e que está sendo vendido pela metade, se for algo útil, ótimo. Se não for, lembre-se: são R$ 50 desperdiçados.